sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

All About Nothing.

Às vezes acredito que cada um tem a sua própria estação de comboios privada. Entre chegada e partida de comboios, é também ali que melhor se sente a solidão. 
Vendemos bilhetes de ida e - quando o preço é favorável e as condições necessárias estão reunidas - também de volta. Mas entre o ir e o voltar, há bilhetes que se extraviam ou perdem o prazo de validade (Sim, porque esperar, nestas estações, aprendemos todos. Mas não há esperas intermináveis, ou paciência ilimitada, e quando o comboio não chega, muda-se de linha e opta-se por outro).
Mas depois há sempre os que acreditam. Aqueles que guardam religiosamente o bilhete e quando o momento chega, metem-se no comboio e regressam. O problema é que quando voltamos, nunca somos a mesma pessoa que éramos quando partimos dali. Temos mais ou menos sonhos, maior ou menor vontade de confiarmos, de nos entregarmos a alguém ou de  continuar com a barreira da ilusão bem erguida. E quando o cansaço alcança o espírito e os outros  nos permitem  ver exactamente como são, a verdade dura e crua por de trás de todas as máscaras, muitas vezes, simplesmente, não gostamos. Porque no final do dia, nenhum de nós é mais do que outro, com a alma carregada de memórias e o coração de estilhaços. E, antes de cada viagem, despedimo-nos sempre da mesma forma. Um abraço, um beijo e um sorriso acompanhado de aceno de "Até já". E está completo o ritual do até depois. (Porque há sempre mais qualquer coisa, nunca nenhuma despedida é eterna ou imutável. Para o bem e mal, tudo muda. )