segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Laços.

Toda a gente tem um conceito de amizade idealizado, que se insere na sua utopia de Universo perfeito. Qualquer um é capaz de, em duas ou três frases, definir um amigo. Do que ninguém fala é do "pós-amizade". Quando os laços se quebram e os fronteiras se separam. Daqueles momentos em que o outro deixa de ser uma complementação nossa e nos atira para o campo do desconhecido.
Já ninguém fala desses momentos. Aqueles que, embora os tentemos apagar, continuam a repetir-se vezes sem conta, como se lhes fosse fornecido um sistema privado em loop onde eles são a única produção em andamento.
É aqui que entra a dinâmica do "amigo" vs "conhecido". E mais uma vez, como viver na Utopia é a moda do novo milénio, preferimos a catagolação segundo os parâmetros da "amizade" (Até porque soa muito melhor dizer "Ele/a? É meu amigo." do que "Ah sim, é meu conhecido"). E depois claro, cada um torna-se perito na cantiga no maldizer "Ai que eu confiava tanto nele, quando ele precisou eu estive lá sempre e, quando chegou a minha vez, ele não me apoiou nem esteve ao meu lado. E eu que o considerava um amigo!!!". Pois é, meu caro leitor, mas ele não o considerava a si um amigo. E isto é algo com o qual cada um aprende a lidar.
É como a história do "if it looks like a duck, walks like a duck and talks like a duck..It must be a duck", mas às vezes, não é. E simplesmente, caímos em equívocos, porque o que é real para mim, não é para ti, e muito menos será para o outro.
Mas, conhecidos à parte, o pior é quando as amizades (na verdadeira acepção da palavra) começam a abrir brechas com o tempo, é uma desconfiança dali, um assunto mal resolvido acolá. E quando se vai a ver, os nós-cegos já são tantos e a vontade para os desfazer tão escassa que, simplesmente, acabam. Com muitos quês e porquês. Porque mais do que qualquer relação amorosa que dê para o torto e acabe, a despedida mais triste será sempre a de um amigo.
E como aqui não há exepções à regra, à minha quota-parte de laços que se quebraram, tenho apenas a dizer que há pessoas que, independentemente da quantidade de nós (e para lá da barreira do orgulho e teimosa), nos fazem falta, todos os dias.