quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Um brinde aos (Re)começos!

"E queria também agradecer a todas as minhas ex-namoradas, pelas desilusões. Foi graças a elas que escrevi este livro."
Tenho a certeza que, aonde quer que cada uma delas esteja hoje, todas elas também te retribuem o agradecimento (talvez não pelas mesmas palavras, mas essa já é outra conversa).
A questão é que habituamo-nos todos a entrar nessa rotina vertiginosa de dar asas ao sofrimento através da escrita. Entre uma palavra e outra está dissimulada uma acusação, um laivo de mágoa, ou qualquer outra coisa que se tenta deixar cair nas entrelinhas (que esperamos, no rídiculo do desespero, que esta ou aquela pessoa descortine o enigma escondido por detrás da equação sem, aparente, solução).
Nós, aqueles que têm um quê de mania de carregarem, ao acaso, numas letras aleatórias do teclado (e não é que formam mesmo palavras, com sentido e significado?), fazemos um culto à dor, alimentando-a, secretamente, com palavras e textos dirigidos aos ninguéns e alguéns do Mundo.
E depois fartamo-nos das mensagens que não são entregues aos destinários, vestimos o fato do super-homem/mulher e baloiçamo-nos por aí, com a fatiota da moda, como quem diz "Olha eu aqui. Estou mesmo bem.", enquanto que a criança interior se encolhe perante os monstros, que foi alimentando durante um vida, e choraminga, em silêncio, um "Ora bolas.. Não está nada bem".
Mas, mais monstro, menos monstro, e depois de balanços mais, ou menos, positivos, chega-se ao fim. (E, como de todas as outras vezes, ao ínicio).